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Endometriose e Qualidade de vida

Foto do escritor: Vinicius GarciaVinicius Garcia


A endometriose é uma doença crônica que afeta milhares de mulheres em todo o mundo, causando dor intensa e, em muitos casos, infertilidade. Caracterizada pelo crescimento de tecido endometrial — o mesmo que reveste o interior do útero — fora da cavidade uterina, essa condição pode se manifestar em diversos locais do corpo, como ovários, trompas de Falópio, bexiga, intestino e até mesmo pulmões


A causa exata da endometriose ainda é desconhecida, mas diversas teorias tentam explicar o desenvolvimento dessa doença. Algumas das hipóteses mais comuns incluem:

  • Menstruação retrógrada: Durante a menstruação, parte do sangue menstrual pode fluir pelas trompas de Falópio em direção à cavidade abdominal, levando células endometriais a se implantarem e crescerem em outros órgãos.

  • Transformação celular: Células do peritônio (membrana que reveste a cavidade abdominal) podem se transformar em células semelhantes ao endométrio sob a influência de hormônios ou outros fatores.

  • Dispersão de células endometriais pela corrente sanguínea ou linfática: Células endometriais podem se espalhar pelo corpo através da circulação sanguínea ou linfática, colonizando outros tecidos.

  • Fatores imunológicos: Alterações no sistema imunológico podem permitir que as células endometriais cresçam e se proliferem fora do útero.


Os sintomas da endometriose variam de mulher para mulher e podem ser leves, moderados ou graves. Os mais comuns incluem:

  • Dor pélvica crônica: Dor intensa e persistente na região pélvica, que pode piorar durante a menstruação, relações sexuais ou atividades físicas.

  • Dismenorreia: Cólicas menstruais severas, que podem limitar as atividades diárias.

  • Dispareunia: Dor durante o ato sexual.

  • Infertilidade: A endometriose pode causar obstrução nas trompas de Falópio, dificultando a fecundação e a implantação do embrião.

  • Outros sintomas: Fadiga, sangramento intenso durante a menstruação, dor ao urinar ou evacuar, inchaço abdominal e alterações intestinais.


A endometriose causa um impacto significativo na qualidade de vida das mulheres, afetando diversos aspectos de sua vida. A dor crônica pode levar à depressão, ansiedade e isolamento social. A infertilidade associada à doença pode gerar grande sofrimento emocional e psicológico. Além disso, a endometriose pode afetar a vida profissional, as relações pessoais e a autoestima das mulheres.


O diagnóstico da endometriose pode ser desafiador, pois os sintomas são variados e podem ser confundidos com outras condições. Os métodos mais utilizados para o diagnóstico incluem:

  • Exame físico: O médico pode identificar pontos dolorosos na região pélvica durante o exame.

  • Ultrassonografia: Permite visualizar a presença de cistos ovarianos e outras alterações no útero e órgãos pélvicos.

  • Ressonância magnética: Fornece imagens mais detalhadas dos órgãos pélvicos, auxiliando no diagnóstico de lesões endometrióticas profundas.

  • Laparoscopia: Procedimento cirúrgico que permite visualizar diretamente os órgãos pélvicos e coletar amostras de tecido para análise.


O tratamento da endometriose visa aliviar a dor, melhorar a fertilidade e prevenir a progressão da doença. As opções terapêuticas incluem:

  • Medicamentos: Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), analgésicos, hormônios (como pílulas anticoncepcionais, progestágenos e análogos do GnRH) e medicamentos para tratar a endometriose profunda.

  • Cirurgia: Remoção das lesões endometrióticas por laparoscopia ou cirurgia aberta.

  • Fisioterapia Pélvica:  podem auxiliar muito, como verá a seguir:


A fisioterapia pélvica atua em diversas frentes:


  • Alívio da dor: Através de técnicas como massagem, alongamento e exercícios específicos, a fisioterapia ajuda a relaxar a musculatura pélvica tensionada, aliviando a dor e os espasmos musculares.

  • Melhora da mobilidade: A fisioterapia pode auxiliar na recuperação da mobilidade articular, promovendo maior flexibilidade e amplitude de movimento na região pélvica.

  • Fortalecimento do assoalho pélvico: Exercícios específicos fortalecem os músculos do assoalho pélvico, contribuindo para a melhora do controle urinário e fecal, além de auxiliar na função sexual.

  • Redução da inflamação: Algumas técnicas de fisioterapia, como a mobilização visceral, podem ajudar a reduzir a inflamação local, aliviando os sintomas da endometriose.

  • Melhora da qualidade de vida: Ao reduzir a dor e melhorar a função física, a fisioterapia contribui para uma melhor qualidade de vida das mulheres com endometriose, aumentando sua autoestima e bem-estar.


A fisioterapeuta especializada em saúde da mulher irá realizar uma avaliação completa, identificando as áreas com maior tensão, limitação de movimento e dor. Com base nessa avaliação, será elaborado um plano de tratamento individualizado, que pode incluir:


  • Técnicas manuais: Massagem, mobilização visceral, liberação miofascial e alongamentos.

  • Exercícios terapêuticos: Exercícios para o fortalecimento do assoalho pélvico, alongamento da musculatura pélvica e abdominal, e exercícios de relaxamento.

  • Eletroterapia: Utilização de aparelhos para estimular a musculatura e reduzir a dor.

  • Orientação postural: Correção de posturas inadequadas que podem agravar a dor e contribuir para o desequilíbrio muscular.

  • Educação: A fisioterapeuta irá orientar a paciente sobre técnicas de relaxamento, manejo da dor e atividades físicas adequadas.


Benefícios da Fisioterapia Pélvica para a Endometriose

  • Redução da dor: Alívio significativo da dor pélvica, menstrual e durante as relações sexuais.

  • Melhora da função intestinal e urinária: Redução da constipação e incontinência urinária.

  • Melhora da função sexual: Aumento do prazer sexual e redução da dor durante o ato sexual.

  • Redução do estresse: As técnicas de relaxamento utilizadas na fisioterapia ajudam a reduzir o estresse e a ansiedade.

  • Aumento da qualidade de vida: Melhora do sono, aumento da energia e maior bem-estar geral.


Quando Procurar um Fisioterapeuta?

É recomendado procurar um fisioterapeuta especializado em saúde da mulher o mais cedo possível, de preferência em conjunto com o acompanhamento médico. A fisioterapia pode ser realizada em qualquer fase da doença, tanto antes quanto após o tratamento cirúrgico.

É importante ressaltar que a fisioterapia pélvica não substitui o tratamento médico, mas sim complementa e potencializa seus resultados. Ao trabalhar em conjunto, a equipe multidisciplinar pode oferecer um tratamento mais completo e eficaz para as mulheres com endometriose.

Lembre-se: Cada caso é único, e o tratamento fisioterapêutico deve ser individualizado para atender às necessidades de cada paciente.


O diagnóstico precoce da endometriose é fundamental para iniciar o tratamento adequado e evitar complicações. Quanto mais cedo a doença for diagnosticada e tratada, maiores são as chances de controlar a dor, preservar a fertilidade e melhorar a qualidade de vida das mulheres.

Se você suspeita que possa ter endometriose, procure um ginecologista para realizar uma avaliação completa. É importante buscar informações sobre a doença, participar de grupos de apoio e conversar com outras mulheres que enfrentam essa condição. A endometriose não precisa ser uma sentença, com o tratamento adequado é possível ter uma vida mais saudável e feliz.


Fontes:

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Dra. Carolina Costa | Fisioterapia Pélvica Feminina
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